Certo dia conversei com uma amiga sobre algo de muito especial nas obras do Hayao Miyazaki, um fantástico criador de animações japonesas: o vazio ou Ma, termo japonês utilizado para definir intervalo, espaço, tempo ou distância entre duas partes estruturais.
Em obras como " O castelo animado" e a " Viagem de Chihiro" é possível perceber situações nas quais os personagens simplesmente se isolam e contemplam o horizonte, inicialmente esse vazio, ou pausa contemplativa, não fazem sentido, mas elas se mostram extremamente importantes ao longo da história, ao propiciar que os personagens sejam apresentados ou sentidos da forma devida.
Instintivamente vemos o vazio como algo negativo e problemático, algo que deve ser imediatamente preenchido com acontecimentos, pessoas ou atividades. Na visão ocidental, o vazio não deve ser apreciado ou não proporciona nada de atrativo, as palavras devem se sobrepor ao silêncio e as pessoas devem estar em constante interação para soarem saudáveis e bem sucedidas,
Não ignoro o sentido do movimento, dos espaços preenchidos, mas acho o vazio indispensável, não seria metade da pessoa que sou sem ele. Onde as pessoas enxergam o nada, vejo uma folha em branco pronta pra ser preenchida, uma oportunidade, uma lição, um momento de reflexão, de aprendizagem, de paz.
Muitas das vezes, tal qual os personagens do Miyazaki, contemplo o vazio.
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