Lotus 365
sábado, 3 de março de 2018
domingo, 17 de setembro de 2017
Ma (間)
Certo dia conversei com uma amiga sobre algo de muito especial nas obras do Hayao Miyazaki, um fantástico criador de animações japonesas: o vazio ou Ma, termo japonês utilizado para definir intervalo, espaço, tempo ou distância entre duas partes estruturais.
Em obras como " O castelo animado" e a " Viagem de Chihiro" é possível perceber situações nas quais os personagens simplesmente se isolam e contemplam o horizonte, inicialmente esse vazio, ou pausa contemplativa, não fazem sentido, mas elas se mostram extremamente importantes ao longo da história, ao propiciar que os personagens sejam apresentados ou sentidos da forma devida.
Instintivamente vemos o vazio como algo negativo e problemático, algo que deve ser imediatamente preenchido com acontecimentos, pessoas ou atividades. Na visão ocidental, o vazio não deve ser apreciado ou não proporciona nada de atrativo, as palavras devem se sobrepor ao silêncio e as pessoas devem estar em constante interação para soarem saudáveis e bem sucedidas,
Não ignoro o sentido do movimento, dos espaços preenchidos, mas acho o vazio indispensável, não seria metade da pessoa que sou sem ele. Onde as pessoas enxergam o nada, vejo uma folha em branco pronta pra ser preenchida, uma oportunidade, uma lição, um momento de reflexão, de aprendizagem, de paz.
Muitas das vezes, tal qual os personagens do Miyazaki, contemplo o vazio.
O início, nova caminhada filosófica e Passage to Buddha (Hwaomkyung).
Resolvi voltar para o universo solitário dos blogs, de forma despretensiosa, mas decidida. Tenho dessas de exteriorizar, com ou sem propósitos. Então, não vi motivos para me limitar em curtas linhas, cá estou deitada sobre os meus pensamentos, que humildemente desejo compartilhar com quem se dispõe.
Não tenho nenhuma orientação religiosa, sempre me incomodou a possibilidade de ter que me enquadrar em qualquer tipo de ensinamento capaz de podar meus pensamentos. Seja por fé cega ou medo do desconhecido, as pessoas acabam tentando trilhar caminhos já percorridos sem à coragem de desbravar a própria fé, os próprios pensamentos. Não existe um problema real nisso pra quem não se importa, mas pra mim sempre soou desconfortável e sem sentido, o que se mostrou extremamente motivador ao longo dos anos. Hoje tenho minhas próprias noções de fé, de "deus", sem nenhuma corrente religiosa que me limite ou censure.
Minhas escolhas fomentaram uma necessidade instintiva de ouvir e conhecer as coisas sem preconceitos, isso me levou a filosofia budista, que me abraçou como uma vida recém nascida e acolheu o que dentro de mim já fazia sentido. Se a vida é feita de encontros, tive um belo encontro filosófico com o qual quero andar de mãos dadas, aprendendo mais sobre mim, mais sobre o universo, com o único objetivo de ser uma pessoa melhor e viver uma vida melhor, sem temer o desconhecido ou agir movida por energias e intenções negativas.
Não tenho nenhuma orientação religiosa, sempre me incomodou a possibilidade de ter que me enquadrar em qualquer tipo de ensinamento capaz de podar meus pensamentos. Seja por fé cega ou medo do desconhecido, as pessoas acabam tentando trilhar caminhos já percorridos sem à coragem de desbravar a própria fé, os próprios pensamentos. Não existe um problema real nisso pra quem não se importa, mas pra mim sempre soou desconfortável e sem sentido, o que se mostrou extremamente motivador ao longo dos anos. Hoje tenho minhas próprias noções de fé, de "deus", sem nenhuma corrente religiosa que me limite ou censure.
Minhas escolhas fomentaram uma necessidade instintiva de ouvir e conhecer as coisas sem preconceitos, isso me levou a filosofia budista, que me abraçou como uma vida recém nascida e acolheu o que dentro de mim já fazia sentido. Se a vida é feita de encontros, tive um belo encontro filosófico com o qual quero andar de mãos dadas, aprendendo mais sobre mim, mais sobre o universo, com o único objetivo de ser uma pessoa melhor e viver uma vida melhor, sem temer o desconhecido ou agir movida por energias e intenções negativas.
Embora minhas reflexões se tornem árduas em alguns momentos, tenho procurado alimentar minha mente com coisas que agreguem positivamente, motivo pelo qual sempre me encontro na arte e em tudo que ela pode me proporcionar.
Estava vendo um filme chamado Passage to Buddha (1993), de um diretor sul coreano chamado Jang Sun Woo, onde a caminhada silenciosa de um menino órfão em busca da mãe é explorada. No filme, o garotinho vive uma odisseia espiritual, como bem descreve sua sinopse, encontrando-se com a essência do budismo ao cruzar com diversos personagens durante sua caminhada. Amei a representação da criança atemporal na busca pelo conhecimento, quis conversar com alguém sobre, mas não encontrei muito dele pela internet, então suponho que não seja conhecido por muitas pessoas, o que é lamentável, uma vez que o filme apresenta sutilmente grandes lições. Tendo em vista este fato, resolvi disponibilizar um link para que eventuais interessados possam assistir o filme online.
Que não me falte oportunidades e meios de aprender durante a minha própria odisseia e que o pouco que eu sei ou conheci possa agregar na vida de alguém.
"Siga aquele fluxo, mas não siga aquele que não flui."
"Não há espaço maior que o nada. Apenas o nada pode conter todas as coisas."
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